23 de maio de 2011

A medicina virou uma indústria, por isso fujo dos médicos

A medicina virou uma indústria, por isso 
fujo dos médicos

19/02/2010 - 15:29 | Enviado por: Migliaccio

Estudo publicado pelo European Heart Journal esta semana concluiu que pessoas felizes têm menos riscos de apresentar problemas cardíacos. Parece óbvio, mas sempre é necessário um estudo científico para que se dê credibilidade às verdades mais irrefutáveis.

De minha parte, acrescentaria o seguinte: fujo de médicos.

Sei que existem médicos fantásticos, super competentes e, melhor do que isso, verdadeiramente preocupados em ajudar seus semelhantes, e não apenas em ganhar dinheiro. A maioria dos que me atenderam, porém, fez consultas tão rápidas e superficiais que não consegui acreditar em seus vereditos sobre minha saúde.

A medicina (como o futebol, o carnaval, o sexo, a informação e tudo mais) virou um grande negócio. Existe uma fenomenal indústria de medicamentos, equipamentos e exames que tem que dar resultado, gerar receita, aquele papo que conhecemos bem.

Laboratórios levam nossos doutores a viagens nababescas à Eurpoa, com tudo pago, hotel cinco estrelas. Na volta, dão a eles caixas e caixas de remédios, as chamadas amostras grátis. 

Aí, você vai a um médico porque está com uma dorzinha de cotovelo e pronto: o cara já te manda automaticamente fazer uns três exames e lhe dá uma caixinha de remédio (bem que a minha avó dizia que a primeira dose de droga é sempre de graça). E você, por causa de uma dorzinha de cotovelo, já entrou na engrenagem dos laboratórios de análises, hospitais e farmácias.

Depois do primeiro exame, descobrem um pontinho, que pode não ser nada, mas por precaução dizem que você deve fazer mais uns três exames, todos chatérrimos, alguns doloridos, talvez até invasivos. E você lá, naquela roda-viva, sem poder mais sair, porque se não fizer vai ficar com aquela dúvida eterna: será que tem um caranguejo crescendo dentro do meu peito?

E a dor no cotovelo não era nada, apenas decepção por aquela vizinha boazuda ter preferido o dono da padaria aos seus encantos de dom Juan.

Fujo de médicos. Não faço exames, check ups. Quando Deus achar que é a minha hora, eu vou, sem passar por via crucis de pontes de safena, CTI e quimioterapias.

Lembro do filme De caniço e samburá, do Jerry Lewis, em que ele é diagnosticado com uma doença incurável:

O médico, desolado logo depois de dar ao paciente a notícia fatídica, diz assim:

_ Odeio ser médico nessas horas...

E o Jerry:

_ E eu odeio ser paciente nessas horas.

Depois, o desenganado sai viajando pelo mundo, gastando os tubos no cartão de crédito e curtindo seus últimos três meses adoidado.

Nem precisa dizer que, quando volta de viagem, é informado de que o diagnóstico estava errado e que ele terá muitos anos de vida pela frente para pagar as dívidas que acumulou.

Sei que alguns leitores vão me rogar milhares de pragas por desdenhar do sacerdócio da medicina.

Mas, como cantou Almir Guineto, se o santo deles é forte, meu anjo da guarda é Superman.

Falando sério, nenhum médico conhece melhor o meu corpo e a minha cabeça do que eu. Três meses antes de morrer de infarto, o humorista Bussunda tinha feito um check up completo, numa clínica caríssima, e o médico disse que ele estava... ótimo.

Erros médicos nunca são punidos porque a sociedade reconhece nesses profissionais o direito sobre suas vidas. Com seu irremediável medo da morte, o ser humano se entrega aos profissionais de branco na esperança de uma palavra que o reanime. Como o leão que não conhece sua força e se curva ao adestrador. Como o índio que acha que a tempestade de raios é a fúria dos deuses.

Mas a medicina não é uma ciência exata, embora a indústria que se formou em torno dela queira nos fazer crer em algo esquemático. Em se tratando de gente, entra sempre o imponderável, que não está nos livros e compendios. É um que tem câncer no pulmão e nunca fumou, outro que morreu aos 90 com um cigarro na boca. E nâo me venham com probabilidades. Elas também não explicam a complexidade humana.

Dercy Gonçalves, por exemplo, chegou aos 100. Perguntada sobre seu segredo de longevidade, ela mais uma vez surpreendeu:

_ Antes de comer alguma coisa, eu pergunto: isso faz mal? Se dizem que faz eu mando pra dentro.

Salve o bacon e a linguiça. Existe coisa mais melancólica que um almoço num restaurante natural?

Não me leve a mal, sei que vou morrer um dia, nenhum de nós pode evitar isso.

Mas a parte do hospital, eu pretendo pular.


14 de maio de 2011

RECADO AS NATUREBAS

Recado aos naturebas
05/05/2011 - 17:03 | Enviado por: Migliaccio

Nunca me esqueço da declaração da notável Dercy Gonçalves quando um repórter perguntou o segredo da sua longevidade.

_ É o seguinte, meu filho: eu pergunto se faz mal; se dizem que faz eu mando pra dentro.

E, assim, comendo bacon, salsicha e tudo mais que os médicos abominam, ela passou dos 100 anos de idade.

Essa é, mais ou menos, a minha teoria. Como tudo que acho gostoso e meu termômetro é meu bem estar. Posso estar com as artérias entupidas? Posso, mas isso só vou saber quando bater as botas. E será de uma hora para outra, porque não faço exame nenhum, nunca.

Meus amigos, e principalmente meus parentes mais próximos, ficam fulos da vida com isso. Porque gostam de mim e porque são egoístas. Querem morrer primeiro que eu para que eu fique aqui chorando e morrendo de saudades. O ser humano é assim.

Mas adoro quando pego um vegetariano pela proa. Eles sempre vêm falar da maneira sádica como são mortos os bois nas fazendas de corte e do estresse das galinhas amontoadas e dopadas para botar mais ovos. E o chester, que é forçado a comer até que a obesidade mórbida o mate e nos enseje um belo pratarrão de carne gordurosa.

Concordo e morro de pena dos bichinhos. Já vi, inclusive, imagens de abate de bois a marretadas e na base da degola com facão. Horríveis, nunca mais esqueci.

Mas não deixei de aceitar convites para churrascos por isso.

Feijoada? Também adoro, e completa!

Mas o mais injustiçado dos animais que vão à mesa faz parte do cardápio de muitos desses vegetarianos moderados. É o peixe. Carne branca (como se isso fosse desculpa, já que a do porco também é branca).

A morte do peixe faz os carniceiros dos matadouros parecerem São Francisco de Assis, senão vejamos. Tudo começa com um estelionato. O peixe é atraído para algo que lhe parece comida, mas que no fundo tem um anzol escondido. Com a boca rasgada, o pobre diabo é puxado para fora da água, onde morre sufocado. Morte horrível.

Não sei como nossos naturalistas ainda comem a carne de um cara assassinado nessas condições...

E os vegetais? Também são esculachados em nome da boa alimentação. Depois de brotarem da terra naquele impagável milagre da vida, são arrancados a fórceps para que um natureba ordinário os coma sem a menor cerimônia. Imagine ter suas raízes partidas de repente... Deus me livre.

Portanto, não há santinho nessa história de alimentação.

A não ser os que vivem de luz. Viram-se para o sol, abrem bem a boca e pronto: estão almoçados e jantados.

22 de abril de 2011

SOBRE A COLUNA DO ARTUR XEXÉO DE 17 DE ABRIL DE 2011

Prezado colunista,
Bom dia,


Confesso que senti um grande alívio quando acabei de ler a sua última coluna. Digo isto porque é muito bom ver uma figura pública, um jornalista, cronista de um jornal de grande veiculação expor com tanta propriedade aquilo que nós, meros mortais, sentimos e não temos como falar. Podemos até postar uma notinha aqui ou ali na internet porém, nada que dê visibilidade. Uma opinião como a sua, vindo de uma e-lebridade como você, pode sim fazer a diferença.

A questão é que você está certo. A discussão do desarmamento não cabe neste momento. Entendo que há outras coisas de muito maior gravidade que não estão sendo vistas com a mesma seriedade e, arrisco a dizer, empolgação.

Você tocou na questão do bullying e da segurança nas escolas. Se me permite, considero assuntos de searas distintas. O primeiro, "o índio mais brabo", é o que realmente precisa ser dominado primeiro.

Podem até me achar maluca porém, ouso dizer que criança é bicho ruim. Não ruim no sentido que se queira entender mas, no fato de que, quando uma criança quer, ela põe qualquer um no lixo amparada pela tal da inocência, da espontaneidade, da sinceridade, tão cantada em verso em prosa. Só que estes requisitos de inocência não são mais aqueles que nós tínhamos no tempo em que você cavalgava seu cabo de vassoura.

Hoje, se o coleguinha não se enquadra no perfil de determinada tribo, se ele(a) não é bonito(a), ele o melhor em campo ou ela líder de torcida, se ele é gordo (a), dentuço(a) ou tem o cabelo ruim, vão sofrer sim. Porque criança é bicho ruim e adolescente é bicho pior (e maior).

Aquelas agressões psicológicas vão se cristalizando silenciosamente dentro dele até o dia da vingança.

Se ele for esperto, forte e são, vai dar o sangue para subir na vida, virar um empresário de sucesso rico e bem sucedido e depois olhar lá de cima e pisar naqueles que o fizeram sofrer. Se ele for fraco, tiver uma pré-disposição genética para doençla mental e o pé na Doidolândia vai comprar uma arma i-le-gal-men-te para matar seus algozes ou quem o faça lembrar deles. Vai se tornar um Wellington. Percebe a sonoridade de Wellington-Bullying?

Porém, a questão não acaba aí. Ao contrário, ela se desdobra em tantos braços que fica até difícil estabelecer responsabilidades. Veja bem: eu NÃO ESTOU como advogada de defesa do rapaz. Isto precisa ficar muito claro. Não estou justificando seu ato, apenas tentando entender.

Em primeiro lugar, vem o papel da família. Ah! a família.... as pessoas falam tanto em família mas me dão a impressão de que não tem a menor idéia do que estão falando. Entendo que família é uma Instituição muito séria e como tal deve ser respeitada. Família é a célula do corpo social. Quando as famílias adoecem todo o corpo social entra em colapso. Quanto mais doentes forem as famílias mais doente será a nossa sociedade. As pessoas não andam lá cuidando muito bem das suas famílias e o que se vê é este câncer social metastizado para todos os lados, resistente a qualquer tratamento.

Se os pais soubessem o quanto vale dizer aos filhos que não é justo nem correto ofender alguém, quem quer que seja, por qualquer motivo! Esta orientação deveria vir desde a canção de ninar no berço, como um mantra. Se os pais estivessem mais próximos do seus filhos muito comportamento ruim poderia ser percebido e até cuidado.

Imagino que você deve estar pensando "lá vem esta doida falando em família". O fato é que ela, como elemento de construção de personalidades e gerenciamento de conflitos não pode se permitir ficar alheia ao que acontece com os seus membros. Se a família faz um link direto com a escola e ambas caminham juntas no entendimento da personalidade e do comportamento de nossos jovens dá para saber o que rola com as nossas crianças e adolescentes. Basta ter olhos de ver e ouvidos de ouvir.

Eu lembro muito bem que quando eu pisava na bola tinha que entregar a maldita caderneta junto com a advertência solicitando a presença dos meus pais na escola. E o pior é que eles iam. Que vexame! O certo era ser no Bem e uma advertência pegava mal para caramba. Enfim, que bom que meus pais sempre atenderam aos chamados da escola. E que nem foram tantos porque minha mãe jogava nas onze e travava bonito. Quando eu menos esperava ela aparecia, do nada, na minha frente a título de inspeção administrativa. Como estes aparecimentos eram aleatórios, só me restava andar na linha.

Fica óbvio que este rapaz assassino-suicida tinha problemas. Em que ponto da estrada nem a família, nem a escola perceberam alterações psicocomportamentais? Foram deixando o monstro crescer, talvez até o alimentando e deu no que deu. Quantos outros monstros não estarão sendo alimentados por aí?

A sociedade nos empurra goela abaixo que sejamos magros, com aparelhos nos dentes, chapinha no cabelo e que tenhamos acesso a toda a parafernália eletrônica e grifes de moda. Quando a criança-adolescente não se encaixa ela neste perfil está fora, out, off. Se a sua família não dá uma base sólida para lidar com estas adversidades, como eu já disse, o cara corre mesmo o risco de pirar. Ora, ora, se existe tanto adulto por aí que até hoje ainda precisa se sentir parte de um grupo (aliás, tribo é palavra da vez, virou modinha), porque este tipo de pressão não atingiria alguém em formação de personalidade?

Agora vem um outro braço desta situação: a questão da punição. Se alguém chama um cara de crioulo fica preso sem fiança. Se este mesmo alguém enfia a porrada em uma criança a gente faz o que? Se este mesmo cara enfia a porrada na mulher temos a Lei Maria da Penha. Se ele arria o toco nos filhos qual é mesmo o nome da Lei?

Volta o filme. Visualiza o garoto lá na escola bombardeado pelo bullying e a família ausente. Combinação explosiva, concorda? O resultado não pode ser bom. O resultado não foi bom.

Passemos agora ao braço citado por você sobre a segurança nas escolas. Sabe de quem eu lembro? do Sr. Wilson, um dos inspetores lá da escola. Sr. Wilson sentia cheiro de armação no ar. Era um senhor alto, gentil, sério, falava baixo, super educado com um pequeno detalhe: impunha um respeito! vixe! Naquela época eu não percebia mas, hoje eu entendo que o Sr. Wilson, e todos os outros inspetores, conheciam cada um de nós e do que cada um era ou não era capaz. Eles sempre sabiam se estávamos na escola ou não, se tínhamos chegado tarde ou saído cedo. Não adiantava inventar. Nada passava pelo crivo dos nosso inspetores. Principalmente do Sr. Wilson. O melhor a fazer era ficar, como se dizia, "pianinho" ou lá vinha advertência. Ah! tinha suspensão com apresentação de trabalho na volta às aulas para os delitos mais graves.

A pergunta do programa é: onde andam os inspetores das nossas escolas? Onde andam os Srs. Wilson? Onde estão aqueles que conhecem os alunos por nome, sabem onde moram e até o horário de suas aulas? Se as escolas tiverem os seus Srs. Wilsom com certeza não vão precisar de policias armados.

Agora, a parte delicada da questão quando se fala desse massacre. Delicada porque envolve vontade política e responsabilidade do Governo e isto anda meio em falta no mercado. Você citou o controle das nossas fronteiras e da venda ilegal de armas. Tenho uma notícia muito triste; isto não tem jeito. É como procurar palha em palheiro porque até agulha você acha se usar um ímã. Nesta quesito a nossa nota é zero. Perdemos, caro colunista. Perdemos.

Por isto, como você muito bem colocou, falar de desarmamento, neste momento, é discurso estéril.
Veicular vídeos de crianças trocando revolver de água por gibis é pura maquiagem. Por isto seu texto me sensibilizou.

Finalmente, só para dar uma levantada no astral, gosto de citar um ditado chinês que diz: "A pior coceira é a que não se pode coçar". Não podemos "coçar a coceira" do controle das fronteiras e da fabricação de armas, isto está fora do nosso controle.. Mas podemos "coçar a coceira" de cuidar mais de perto dos nossos filhos, observar com mais atenção suas alterações de comportamento, plugar com as escolas de forma a prevenir agressões que os nossos filhos possam ser vítimas e evitar que eles vitimizem alguém.

Vamos deixar as responsabilidades de Governo com o Governo. Vamos tentar diminuir os efeitos colaterais das tragédias urbanas coçando a nossa própria coceira. Quem sabe (re)começamos por aí e evitamos o súbito aparecimento de um outro Wellington?

Abraços fraternos e uma Boa Páscoa.
Virginia Meirim

11 de março de 2011

ALERTA QUALICORP: ENTREGA DO BOLETO APÓS A DATA DO VENCIMENTO

Vou ser direta.

Quando a administração do plano da UNIMED estava somente sob responsabilidade do Abrigo do Marinheiro NUNCA tivemos problemas com a emissão de boletos em tempo hábil e a data de vencimento era sempre a mesma, não alterava nunca.

Hoje, para minha surpresa, cheguei do trabalho e encontrei o boleto DO MEU PLANO DE SAÚDE que venceu ontem, dia 10. Explico: o boleto venceu no dia 10 porém, foi entregue pelos CORREIOS no dia 11.
No mês passado o vencimento foi no dia 18. Enfim, vocês não se decidem.

A minha sorte é que vi no início a desorganização que passaria a ter para pagar o plano que mantenho há anos e, logo que recebo o pagamento, entro no site e pago com a segunda via do boleto mesmo antes de ter recebido a primeira via. Só por causa disto não estou, neste momento, em apuros e sujeita a pagar multa e juros altíssimos.

Quando esta bagunça vai acabar e vocês vão resolver de uma vez qual será data do vencimento?
E porque não entregam o boleto com antecedência?

Virginia Meirim Coutinho

10 de março de 2011

INSTITUTO ANDRÉ LUIZ

O CALUNIADOR

Enquanto o administrador se entregava a conversações educativas com os numerosos subordinados, Aniceto chamou-nos a pequena construção isolada e falou:
— Vejamos outro ensinamento.
Avançamos na direção de algumas câmaras separadas.
Nosso instrutor abriu uma porta e vimos um louco, que parecia fundamente irritado. Fixou em nós o olhar inexpressivo e gritou estentoricamente. Aniceto, porém, adiantou-se e cumprimentou-o, atencioso:
— Como vai, Paulo?
As palavras, ao que senti, emitiram certo fluxo magnético e o enfermo revelou profunda modificação. Aquietou-se de súbito. Sentou-se mais calmo, embora trêmulo e espantadiço.
— Tem sentido melhoras, Paulo? — perguntou nosso orientador, bondosamente, tocando-o no ombro.
Ao contacto pessoal de Aniceto, o doente mostrou algum raciocínio e respondeu:
— Vou melhorando, graças...
A vista da expressão reticenciosa, o instrutor falou em tom firme, como se desejasse auxiliar-lhe a vontade enfraquecida:
— Termine!
O doente fez enorme esforço e concluiu:
— G. .r. .a. .ç. .a. .s a D. .e. .u. .s.
Anotando-lhe o sofrimento e a indecisão, lembrei dos enfermos das Câmaras, aos quais prestava Narcisa ampla colaboração afetuosa. Percebendo-me as íntimas considerações, disse o mentor esclarecido:
— Vêem a diferença entre os que dormem, os que estão loucos e os que sofrem? Em “Nosso Lar”, não temos dos primeiros, e os que se encontram desequilibrados, nos serviços da Regeneração, sentem, na maioria, angústias cruéis. É necessário reconheçamos que os que gemem e sofrem, em qualquer parte, estão melhorando. Toda lágrima sincera é bendito sintoma de renovação. Os escarnecedores, os ironistas e os perturbados que não registram a dor são mais dignos de piedade, por permanecerem embotados em estranha rigidez de entendimento.
E, designando o enfermo sob nossos olhos, afirmou:
— Paulo é um doente a caminho de melhora positiva. Ainda não possui a consciência exata da situação, mas já chora, já padece com as recordações do passado triste.
Recebi o esclarecimento com atenção. Lembrei-me que, de fato, os doentes conduzidos pelos Samaritanos a “Nosso Lar”, em serviço diário, eram grandes sofredores. Os que não acusavam padecimentos atrozes, revelavam estranho pavor das sombras. A única entidade que ali observara, com absoluta inconsciência da própria miséria, fora a de pobre vampiro que não encontrara guarida nas Câmaras de Retificação.
Nosso instrutor, sem qualquer preocupação de transformar o doente em cobaia, recomendou, afetuoso:
— Concentrem no Paulo a capacidade de visão!
Estimulado pela experiência anterior, fixei nele todo o meu potencial de observação.
Aos poucos, caracterizou-se a meus olhos a sua tela mental, parecendo formada em compacta sombra noturna. Com surpresa, divisei formas diversas que se movimentavam. Vários vultos de mulher ali surgiam, despertando-me enorme admiração. Entre eles, reparei o de Ismália como que doente, enfraquecida, ansiosa. Alguns homens passavam, igualmente, mostrando desesperação, e notei, nessas imagens, o próprio Alfredo a evidenciar cansaço e extrema velhice prematura. Vozes misteriosas se faziam ouvir. Sobre Paulo choviam maldições e blasfêmias. As mulheres pareciam acusá-lo, clamorosamente; os homens davam idéia de perseguidores ferozes, ocultos no mundo interior daquele enfermo estranho. Observando, porém, que os vultos de Ismália e Alfredo se movimentavam naquele painel escuro, não pude sofrear a curiosidade e interrompi o minucioso exame, voltando a conversar com o nosso orientador, perguntando:
— Como explicar o fenômeno? Estou assombrado!
Antes, porém, que pudesse expressar maior-mente o espanto que me dominara, Aniceto ajuntou:
— Já sei. Admira-se da presença de Ismália e do seu marido nas reminiscências do enfermo.
E, ante a minha perplexidade, continuou:
— Lembram-se da história de Alfredo? Temos diante de nós o falso amigo que lhe arruinou o lar. Paulo, contudo, não somente cometeu a ingratidão, como envenenou o espírito doutras senhoras, traiu outros amigos e destruiu a alegria e a paz doutros santuários domésticos. Observando Ismália aflita e Alfredo desesperado, nas recordações dele, vemos as imagens criadas pelo caluniador, para seus próprios olhos. Nossos amigos deste Posto evoluíram, transpuseram a fronteira da mágoa, escaparam aos monstros do ódio, vestem-se hoje de luz; no entanto, Paulo os vê como imagina, para escarmento de suas culpas. O criminoso nunca consegue fugir da verdadeira justiça universal, porque carrega o crime cometido, em qualquer parte. Tanto nos círculos carnais, como aqui, a paisagem real do Espírito é a do campo interior. Viveremos, de fato, com as criações mais intimas de nossa alma.
Reparando-me a dificuldade para compreender de pronto, Aniceto prosseguiu, depois de pequeno intervalo:
— Para melhor elucidação, recordemos a crucificação do Mestre Divino. Sabemos que Jesus penetrou na glória sublime logo após a suprema dor do Calvário; entretanto, estamos ainda a vê-lo freqüentemente pendurado na cruz, martirizado pelos nossos erros, flagelado pelos nossos açoites, porque a visão interior a isso nos compele. A condenação do Mestre foi um crime coletivo e esse crime estará conosco até ao dia em que nos vestirmos na divina luz da redenção.
O esclarecimento não poderia ser mais lúcido. Sentia-me diante de nobre revelação.
— O dever possui as bênçãos da confiança, mas a dívida tem os fantasmas da cobrança —tornou o generoso mentor, com grave acento.
Readquirindo a serenidade, interroguei:
— Mas Paulo veio ter casualmente a este Posto?
— Não — respondeu Aniceto, atencioso —; foi trazido pelo próprio Alfredo, que se sentiu necessitado de disciplinar o coração. Nosso amigo, que hoje dirige esta casa de amor, desprendeu-se do mundo, sob intensa vibração de ódio e desesperação. Sofreu muitíssimo nos primeiros tempos, embora nunca fosse abandonado pela dedicação da abnegada companheira. Alfredo, todavia, não pôde ver Ismália enquanto não se desvencilhou das baixas manifestações do rancor. Socorrido em “Campo da Paz”, compreendeu as próprias necessidades. Tão logo adquiriu algum mérito, Intercedeu pelo amigo infiel, buscou-o em recanto abismal, e tão nobremente se dedicou ao aperfeiçoamento de si mesmo, que conquistou a posição de administrador de um Posto de Socorro. Trouxe o tutelado em sua companhia e trata-o como irmão, atualmente. Não julguem que o marido de Ismália conseguiu essa vitória espiritual tão somente pelo fato de desejá-la. Ele desejou-a, procurou-a, alimentou-a, e, agora, permanece na realização. Há muitos anos conversa com Paulo, diariamente. Nos primeiros tempos, aproximava-se do enfermo, como necessitado de reconciliação; depois, como pessoa caridosa; mais tarde adquiriu entendimento, comparando situações; em seguida, sentiu piedade; logo após, experimentou simpatia e, presentemente, conquistou a verdadeira fraternidade, o amor sublime de irmão pelo ex-inimigo.
Fazendo pequena pausa, voltou a dizer, espirituosamente:
— Como vêem, o ensinamento de Jesus, quanto ao “batei e abrir-se-vos-á”, é muito extenso. No plano da carne, insistimos à porta das coisas exteriores, procurando facilidades e vantagens; mas, aqui, temos de bater à porta de nós mesmos, para encontrar a virtude e a verdadeira iluminação.
Vicente, que até então se conservara calado, indagou:
— Paulo, todavia, permanecerá aqui, indefinidamente?
Nosso instrutor fez um gesto significativo e concluiu:
— Voltará breve à Terra. Ismália tem feito a seu favor inúmeras intercessões e não deseja que ele, ao retomar a razão plena, se sinta humilhado, com o beneficio das próprias vítimas. Uma das irmãs, por ele caluniada no mundo, já voltou ao círculo carnal, e a abnegada esposa de Alfredo pediu-lhe que recebesse Paulo como filho, tão logo seja oportuno.


FONTE: INSTITUTO ANDRÉ LUIZ
http://www.institutoandreluiz.org/al_o_caluniador.html
DO LIVRO OS MENSAGEIROS

RESGATES COLETIVOS

RESGATES COLETIVOS



Entendíamo-nos com Silas, acerca de variados problemas, quando expressivo chamamento de Druso nos reuniu ao diretor da casa, em seu gabinete particular de serviço.

O chefe da Mansão foi breve e claro.

Apelo urgente da Terra pedia auxílio para as vítimas de um desastre aviatório.

Sem alongar-se em minúcias, informou que a solicitação se repetiria, dentro de alguns instantes, e conviria esperar a fim de examinarmos o assunto com a eficiência precisa.

Com efeito, mal terminara o apontamento e sinais algo semelhantes aos do telégrafo de Morse se fizeram notados em curioso aparelho. Druso ligou tomada próxima e vimos um pequeno televisor em ação, sob vigorosa lente, projetando imagens movimentadas em tela próxima, cuidadosamente encaixada na parede, a pequena distancia.

Qual se acompanhássemos curta noticia em cinema sonoro, contemplamos, surpreendidos, a paisagem terrestre.

Sob a crista de serra alcantilada e selvagem, destroços de grande aeronave guardavam consigo as vítimas do acidente. Adivinhava-se que o piloto, certamente enganado pelo traiçoeiro oceano de espessa bruma, não pudera evitar o choque com os picos graníticos que se salientavam na montanha, silenciosos e implacáveis, à maneira de medonhos torreões de fortaleza agressiva.

Em pleno quadro inquietante, um ancião desencarnado, de semblante nobre e digno, formulava requerimento comovedor, rogando à Mansão a remessa de equipe adestrada para a remoção de seis das catorze entidades desencarnadas no doloroso sinistro.

Enquanto Druso e Silas combinavam medidas para a tarefa assistencial, Hilário e eu olhávamos, espantados, o espetáculo inédito para nós ambos.

A cena aflitiva parecia desenrolar-se ali mesmo.

Oito dos desencarnados no acidente jaziam em posição de choque, algemados aos corpos, mutilados ou não; quatro gemiam, jungidos aos próprios restos, e dois deles, não obstante ainda enfaixados às formas rígidas, gritavam desesperados. em crises de inconsciência.

Contudo, amigos espirituais, abnegados e valorosos, velavam ali, calmos e atentos.

Figurando-se cascata de luz vertendo do Céu, o auxílio do Alto vinha, solícito, em abençoada torrente de amor.

O quadro patético era tão real à nossa observação, que podíamos ouvir os gemidos daqueles que despertavam desfalecentes, as preces dos socorristas e as conversações dos enfermeiros que concertavam providências à pressa...

De alma confrangida, vimos desaparecer a noticia televisada, enquanto Silas cumpria as ordens do comandante da instituição com admirável eficiência.

Em poucos instantes, diversos operários da casa puseram-se em marcha, na direção do local minuciosamente descrito.

Voltando ao gabinete em que lhe aguardávamos o retorno, Silas ainda se entendeu com o orientador, por alguns minutos, com respeito ao serviço em foco.

Foi então que Hilário e eu indagamos se não nos seria possível a participação na obra assistencial que se processava, no que Druso, paternalmente, não concordou, explicando que o trabalho era de natureza especialíssima, requisitando colaboradores rigorosamente treinados.

Cientes de que o generoso mentor poderia dispensar-nos mais tempo, aproveitamos o ensejo para versar a questão das provas coletivas.

Hilário abriu campo livre ao debate, perguntando, respeitoso, por que motivo era rogado o auxílio para a remoção de seis dos desencarnados, quando as vítimas eram catorze.

Druso, no entanto, replicou em tom sereno e firme:

— O socorro no avião sinistrado é distribuído indistintamente, contudo, não podemos esquecer que se o desastre é o mesmo para todos os que tombaram, a morte é diferente para cada um. No momento serão retirados da carne tão-somente aqueles cuja vida interior lhes outorga a imediata liberação. Quanto aos outros, cuja situação presente não lhes favorece o afastamento rápido da armadura física, permanecerão ligados, por mais tempo, aos despojos que lhes dizem respeito.

— Quantos dias? — clamou meu colega, incapaz de conter a emoção de que se via possuído.

— Depende do grau de animalização dos fluídos que lhes retém o Espírito à atividade corpórea — respondeu-nos o mentor. — Alguns serão detidos por algumas horas, outros, talvez, por longos dias... Quem sabe? Corpo inerte nem sempre significa libertação da alma. O gênero de vida que alimentamos no estágio físico dita as verdadeiras condições de nossa morte. Quanto mais chafurdamos o ser nas correntes de baixas ilusões, mais tempo gastamos para esgotar as energias vitais que nos aprisionam à matéria pesada e primitiva de que se nos constitui a instrumentação fisiológica, demorando-nos nas criações mentais inferiores a que nos ajustamos, nelas encontrando combustível para dilatados enganos nas sombras do campo carnal, propriamente considerado. E quanto mais nos submetamos às disciplinas do espírito, que nos aconselham equilíbrio e sublimação, mais amplas facilidades conquistaremos para a exoneração da carne em quaisquer emergências de que não possamos fugir por força dos débitos contraídos perante a Lei. Assim é que «morte física» não é o mesmo que «emancipação espiritual».

— Isso, no entanto — considerei —, não quer dizer que os demais companheiros acidentados estarão sem assistência, embora coagidos a temporária detenção nos próprios restos.

— De modo algum — ajuntou o amigo generoso —, ninguém vive desamparado. O amor infinito de Deus abrange o Universo. Os irmãos que se demoram enredados em mais baixo teor de experiência física compreenderão, gradativamente, o socorro que se mostram capazes de receber.

— Todavia — reparou Hilário —, não serão atraídos por criaturas desencarnadas, de inteligência perversa, já que não podem ser resguardados de imediato?

Druso estampou significativa expressão facial e ponderou:

— Sim, na hipótese de serem surdos ao bem, é possível se rendam às sugestões do mal, a fim de que, pelos tormentos do mal, se voltem para o bem. No assunto, entretanto, é preciso considerar que a tentação é sempre uma sombra a atormentar-nos a vida, de dentro para fora. A junção de nossas almas com os poderes infernais verifica-se em relação com o inferno que já trazemos dentro de nós.

A explicação não poderia ser mais clara.

Talvez por isso, algo desconcertado pelo esclarecimento direto, meu companheiro que, tanto quanto eu, não desejava perder a oportunidade de mais ampla conversação, acentuou, humilde:

— Nobre instrutor, decerto não temos o direito de questionar qualquer determinação que lhe dimane da autoridade; ainda assim, estimaria conhecer mais profundamente as razões pelas quais nos é defeso o trabalho de colaboração nos serviços pertinentes ao socorro nos resgates de conjunto. Não poderíamos, acaso, cooperar com os obreiros desta casa, nas expedições de auxílio às vítimas de acidentes diversos, de modo a pesquisar as causas que os determinaram? Indiscutivelmente a Mansão, com as responsabilidades de que se encontra investida, desincumbir-se-á de trabalhos dessa espécie todos os dias...

— Quase todos os dias — corrigiu Druso, sem pestanejar.

E, fitando Hilário de estranha maneira, aduziu:

— É imperioso observar, porém, que vocês coletam material didático para despertamento de nossos irmãos encarnados, quase todos eles em fase importante de luta, no acerto de contas com a Justiça Divina. Analisando os resgates dessa ordem, vocês fatalmente seriam compelidos à autópsia de situações e problemas suscetíveis de plasmar imagens destrutivas no ânimo de muitos daqueles que ambos se propõem auxiliar.

Esboçando leve sorriso em que deixava transparecer a humildade que lhe adornava o espírito de escol, aditou:

— Parece-me que não seríamos capazes de comentar um desastre de grandes proporções, no campo dos homens, sem lhes insuflar o vírus do medo, tanta vez portador do desânimo e da morte.

A palavra do orientador, serena e evangélica, reajustava-nos os impulsos menos edificantes.

Inegavelmente, a Terra jaz repleta de criaturas, tanto quanto nós, algemadas a escabrosos compromissos, carentes de ação contínua para o necessário reequilíbrio. Não seria justo atormentá-las com pensamentos de temor e flagelação, quando através do bem, sentido e praticado, podemos cada hora arredar de nossos horizontes as nuvens de sofrimentos prováveis.

Assinalando-nos a atitude inequívoca de compreensão e de obediência, como não podia deixar de ser, o chefe da instituição continuou em tom afável, depois de ligeira pausa:

— Imaginemos que fossem analisar as origens da provação a que se acolheram os acidentados de hoje... Surpreenderiam, decerto, delinqüentes que, em outras épocas, atiraram irmãos indefesos do cimo de torres altíssimas, para que seus corpos se espatifassem no chão; companheiros que, em outro tempo, cometeram hediondos crimes sobre o dorso do mar, pondo a pique existências preciosas, ou suicidas que se despenharam de arrojados edifícios ou de picos agrestes, em supremo atestado de rebeldia, perante a Lei, os quais, por enquanto, somente encontraram recurso em tão angustioso episódio para transformarem a própria situação. Quantos milhares de irmãos encarnados possuímos nós, em cujas contas com os Tribunais Divinos figuram débitos desse jaez? Entretanto, não desconhecemos que nós, consciências endividadas, podemos melhorar nossos créditos, todos os dias. Quantos romeiros terrenos, em cujos mapas de viagem constam surpresas terríveis, são amparados devidamente para que a morte forçada não lhes assalte o corpo, em razão dos atos louváveis a que se afeiçoam!... Quantas intercessões da prece ardente conquistam moratórias oportunas para pessoas cujo passo já resvala no cairei do sepulcro?... Quantos deveres sacrificiais granjeiam, para a alma que os aceita de boamente, preciosas vantagens na Vida Superior, onde providências se improvisam para que se lhes amenizem os rigores da provação necessária? Bem sabemos que, se uma onda sonora encontra outra, de tal modo que as “cristas” de uma ocorram nos mesmos pontos dos “vales” da outra, esse meio, em conseqüência aí não vibra, tendo-se como resultado o silêncio. Assim é que, gerando novas causas com o bem, praticado hoje, podemos interferir nas causas do mal, praticado ontem, neutralizando-as e reconquistando, com isso, o nosso equilíbrio. Desse modo, creio mais justo incentivarmos o serviço do bem, através de todos os recursos ao nosso alcance. A caridade e o estudo nobre, a fé e o bom ânimo, o otimismo e o trabalho, a arte e a meditação construtiva constituem temas renovadores, cujo mérito não será lícito esquecer, na reabilitação de nossas idéias e, conseqüentemente, de nossos destinos.

Entregara-se o chefe a mais longa pausa e, movido pelo propósito de aprender, indaguei de Druso se ele mesmo não teria acompanhado algum processo de resgate coletivo, em que os Espíritos interessados não teriam outro recurso senão a morte violenta, como remate aos dias do corpo denso, ao que o instrutor respondeu, presto:

— Guardo em minha experiência alguns casos expressivos que seria justo relacionar, no entanto, reportar-nos-emos simplesmente a um deles, pois nossas obrigações são inadiáveis.

Depois de momentos rápidos em que naturalmente apelava para a memória, comentou, benevolente:

— Há trinta anos, desfrutei o convívio de dois benfeitores, a cuja abnegação muito devo neste pouso de luz. Ascânio e Lucas, Assistentes respeitados na Esfera Superior, integravam-nos a equipe de mentores valorosos e amigos... Quando os conheci em pessoa, já haviam despendido vários lustros no amparo aos irmãos transviados e sofredores. Cultos e enobrecidos, eram companheiros infatigáveis em nossas melhores realizações. Acontece, porém, que depois de largos decênios de luta, nos prélios da fraternidade santificante, suspirando pelo ingresso nas esferas mais elevadas, para que se lhes expandissem os ideais de santidade e beleza, não demonstravam a necessária condição específica para o vôo anelado. Totalmente absortos no entusiasmo de ensinar o caminho do bem aos semelhantes, não cogitavam de qualquer mergulho no pretérito, por isso que, muitas vezes, quando nos fascinamos pelo esplendor dos cimos, nem sempre nos sobra disposição para qualquer vistoria aos nevoeiros do vale... Dessa forma, passaram a desejar ardentemente a ascensão, sentindo-se algo desencantados pela ausência de apoio das autoridades que lhes não reconheciam o mérito imprescindível. Dilatava-se o impasse, quando um deles solicitou o pronunciamento da Direção Geral a que nos achamos submissos. O requerimento encontrou curso normal até que, em determinada fase, ambos foram chamados a exame devido. A posição imprópria que lhes era característica foi carinhosamente analisada por técnicos do Plano Superior, que lhes reconduziram a memória a períodos mais recuados no tempo. Diversas fichas de observação foram extraídas do campo mnemônico, à maneira das radioscopias dos atuais serviços médicos no mundo e, através delas, importantes conclusões surgiram à tona... Em verdade, Ascânio e Lucas possuíam créditos extensos, adquiridos em quase cinco séculos sucessivos de aprendizado digno, somando as cinco existências últimas nos círculos da carne e as estações de serviço espiritual, nas vizinhanças da arena física; no entanto, quando a gradativa auscultação lhes alcançou as atividades do século 15, algo surgiu que lhes impôs dolorosa meditação... Arrebatadas ao arquivo da memória e a doer-lhes profundamente no espírito, depois da. operação magnética a que nos referimos, reapareceram nas fichas mencionadas as cenas de ominoso delito por ambos cometido, em 1429, logo após a libertação de Orleãs, quando formavam no exército de Joana dArc... Famintos de influência junto aos irmãos de armas, não hesitaram em assassinar dois companheiros, precipitando-os do alto de uma fortaleza no território de Gâtinais, sobre fossos imundos, embriagando-se nas honrarias que lhes valeram, mais tarde, torturantes remorsos além do sepulcro. Chegados a esse ponto da inquietante investigação, pela respeitabilidade de que se revestiam foram inquiridos pelos poderes competentes se desejavam ou não prosseguir na sondagem singular, ao que responderam negativamente, preferindo liquidar a dívida, antes de novas imersões nos depósitos da subconsciência. Desse modo, em vez de continuarem insistindo na elevação a níveis mais altos, suplicaram, ao revés, o retorno- ao campo dos homens, no qual acabam de pagar o débito a que aludimos.

— Como? — indagou Hilário, intrigado.

— Já que podiam escolher o gênero de provação, em vista dos recursos morais amealhados no mundo íntimo — informou o orientador —, optaram por tarefas no campo da aeronáutica, a cuja evolução ofereceram as suas vidas. Há dois meses regressaram às nossas linhas de ação, depois de haverem sofrido a mesma queda mortal que infligiram aos companheiros de luta no século XV.

— E o nosso caro instrutor visitou-os nos preparativos da reencarnação agora terminada? — inquiri com respeito.

— Sim, por várias vezes os avistei, antes da partida. Associavam-se a grande comunidade de Espíritos amigos, em departamento específico de reencarnação, no qual centenas de entidades, com dívidas mais ou menos semelhantes às deles, também se preparavam para o retorno à carne, abraçando, assim, trabalho redentor em resgates coletivos.

— E todos podiam selecionar o gênero de luta em que saldariam as suas contas? — perguntei, ainda, com natural interesse.

— Nem todos — disse Druso, convicto. — Aqueles que possuíam grandes créditos morais, qual acontecia aos benfeitores a que me reporto, dispunham desse direito. Assim é que a muitos vi, habilitando-se para sofrer a morte violenta, em favor do progresso da aeronáutica e da engenharia, da navegação marítima e dos transportes terrestres, da ciência médica e da indústria em geral, verificando, no entanto, que a maioria, por força dos débitos contraídos e consoante os ditasses da própria consciência, não alcançava semelhante prerrogativa, cabendo-lhe aceitar sem discutir amargas provas, na infância, na mocidade ou na velhice, através de acidentes diversos, desde a mutilação primária até a morte, de modo a redimir-se de faltas graves.

— E os pais? — inquiriu meu colega, alarmado. —Em que situação surpreenderemos os pais dos que devem ser imolados ao progresso ou à justiça, na regeneração de si mesmos? a dor deles não será devidamente considerada pelos poderes que nos controlam a vida?

— Como não? — respondeu o orientador — as entidades que necessitam de tais lutas expiatórias são encaminhadas aos corações que se acumpliciaram com elas em delitos lamentáveis, no pretérito distante ou recente ou, ainda, aos país que faliram junto dos filhos, em outras épocas, a fim de que aprendam na saudade cruel e na angústia inominável o respeito e o devotamento, a honorabilidade e o carinho que todos devemos na Terra ao instituto da família. A dor coletiva é o remédio que nos corrige as falhas mútuas.

Estabelecera-se longa pausa.

A lição como que nos impelia a rápidos mergulhos no mundo de nós mesmos.

Hilário, contudo, insatisfeito como sempre, perguntou, irrequieto:

— Instrutor amigo, imaginemos que Ascânio e Lucas, após a vitória de que nos dá notícia, continuem anelando a subida aos planos mais altos... Precisarão, para isso, de nova consulta ao passado?

— Caso não demonstrem a condição específica indispensável, serão novamente submetidos à justa auscultação para o exame e seleção de novos resgates que se façam precisos.

— Isso quer dizer que ninguém se eleva ao Céu sem quitação com a Terra?

O interlocutor sorriu e completou:

— Será mais lícito afirmar que ninguém se eleva a pleno Céu, sem plena quitação com a Terra, porquanto a ascensão gradativa pode verificar-se, não obstante invariavelmente condicionada aos nossos merecimentos nas conquistas já feitas. Os princípios de relatividade são perfeitamente cabíveis no assunto. Quanto mais céu interior na alma, através da sublimação da vida, mais ampla incursão da alma nos céus exteriores, até que se realize a suprema comunhão dela com Deus, Nosso Pai. Para isso, como reconhecemos, é indispensável atender à justiça, e a Justiça Divina está inelutavelmente ligada a nós, de vez que nenhuma felicidade ambiente será verdadeira felicidade em nós, sem a implícita aprovação de nossa consciência.

O ensinamento era profundo.

Cessamos a inquirição e, como serviço urgente requeria a presença de Druso, em outra parte, retiramo-nos em demanda do Templo da Mansão, com o objetivo de orar e pensar.





fonte:

INSTITUTO ANDRÉ LUIZ

Instituto André Luiz - Essencialmente Espírita!

SITE ESPÍRITA ANDRÉ LUIZ

Instituto André Luiz - Essencialmente Espírita!

INSTITUTO ANDRÉ LUIZ

19 de fevereiro de 2011

PARTIDA E CHEGADA


PARTIDA E CHEGADA

Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara.


O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.

Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.

Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: "já se foi".

Terá sumido? Evaporado?

Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós.

Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.

O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo.

E talvez, no exato instante em que alguém diz: já se foi", haverá outras vozes, mais além, a afirmar: "lá vem o veleiro".

Assim é a morte.

Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: "já se foi".

Terá sumido? Evaporado?

Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu.

Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado.

Conserva o mesmo afeto que nutria por nós. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado.

E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: já se foi", no mais além, outro alguém dirá feliz: "já está chegando".

Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a viagem terrena.

A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos.

Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.

A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas.

Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.

Um dia partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico; noutro partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir, como viajores da imortalidade que somos todos nós.

Pense nisso.





6 de fevereiro de 2011

Manacéa e Paulinho da Viola - Quantas Lágrimas

PARA QUEM TEM CACHORRO


Aviso Para Quem Visitar A Minha Casa 
Quando quiser me visitar fique a vontade, mas lembre-se:
 
 
01
Lembre-se de que os cachorros e os gatos vivem aqui, você não.
02
Se você não quer pêlos de cachorro e gato em suas roupas, fique longe dos móveis e do sofá.
03
Sim, eles têm hábitos desagradáveis. Eu também, assim como você. E daí?!
04
CLARO que eles cheiram a cachorro e gato. . Já percebeu como nós, humanos, cheiramos ao final de um dia de trabalho? Coloque-se no lugar de alguém que tem um olfato 400 vezes mais sensível que o seu e sempre o receberá com explosões de carinho no retorno ao lar.
05
É da natureza deles tentar cheirar você. Por favor, sinta-se à vontade para cheirá-los também.
06
Se existisse algum risco do cachorro mordê-lo, eu não o deixaria se aproximar de você. Porém, não posso impedi-lo de responder a agressões que podem ocorrer até em pensamento, seja para com ele, seja para comigo a quem devotam fidelidade. Os animais percebem, tenha certeza.
07
Se um cachorro tentar lambê-lo é porque aprova sua presença e quer demonstrar isso carinhosamente a você; e lembre-se que cachorros não mentem ou fingem.
Você já tentou beijar alguém e recebeu em troca um empurrão?
08 
Aqui cachorros e gatos recebem os
devidos cuidados veterinários, alimentação sadia e cuidados higiênicos.
09
Sua companhia é altamente recomendada pelos médicos, e a maioria das doenças que contraímos ao longo da vida com certeza nos são transmitidas por outros humanos.
10
Há diversas situações nas quais cachorros são preferíveis a pessoas (eu gosto deles mais do que da maioria das pessoas)Afinal de contas, sempre podemos confiar inteiramente em sua fidelidade e sinceridade.
11
Para você eles são simples cachorros e gatos. Para mim são pequenos filhos adotivos que andam de 4 e não falam tão claramente.
12
Eu não tenho problema em nenhum desses pontos. E você?
13
Seja bem-vindo.Volte sempre que quiser.
Os animais são mais sensíveis que nós, bastando se aproximar para distinguir com clareza verdadeiros amigos de pessoas falsas.
  Autor desconhecido




 

Rio Acima - JBlog - Jornal do Brasil - Não deixe um recreador criar seu filho

Rio Acima - JBlog - Jornal do Brasil - Não deixe um recreador criar seu filho

4 de fevereiro de 2011

UNIVERSIDADES DE MEDICINA

JU-IN-EM

Cuidado muita atenção

Assunto: FW: JU-IN-EM (MUITO IMPORTANTE)

"JU-IN-EM"

JU-IN-EM : Enfermidade descoberta pela Medicina Tradicional Chinesa, ainda não aceita pela classe médica. Entretanto, milhões de pessoas em todo mundo padecem deste mal e esperam a aprovação da
Organização Mundial de Saúde para que se estude e se encontre a cura para esta mortal enfermidade que, cada dia, é adquirida por milhares de pessoas.





SINTOMAS QUE DEFINEM O APARECIMENTO DESTA PATOLOGIA:

1.- Um simples café provoca insônia.

2.- Uma cervejinha leve leva direto ao banheiro.

3.- Tudo parece muito caro.

4.- Qualquer coisa fora do programado perturba profundamente.

5.- Um pequeno excesso alimentar provoca aumento de peso.

6.- Uma provadinha na feijoada "cai" como chumbo no estômago.

7.- Um churrasquinho de nada faz subir a pressão arterial.

8.- Numa festa a melhor mesa é a mais distante possível da música e das pessoas.

9.- Amarrar os sapatos, se conseguir, produz dor nos quadris.

10.- A TV ou a leitura provoca sono...

Todos esses sintomas são prova irrefutável que padeces de JU-IN-EM ,que quer dizer em Chines:



JUventude


INdo –




EMbora ......

Eu fiquei preocupado enquanto lia...

Brasil Symphony - Andre Rieu - Live at the Royal Albert Hall (HD)

17 de janeiro de 2011

BLOG DO LUIS ASSIF ON LINE - DESVIO DE VERBA DE ENCHENTE PARA A FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO

Reprodução da capa de O Globo
Reprodução da capa de O Globo


Numa hora dessas o mais importante é a solidariedade. Não é hora de fazer política. Mas também é uma indignidade usar de hipocrisia, como fazem os veículos das Organizações Globo.

A capa de O Globo mostra a demagogia numa hora dessas. Cobra das autoridades federais verbas para a prevenção de tragédias, para a contenção de encostas. Essa cobrança mereceria os meus aplausos se fosse pra valer.

Mas não dá pra esconder, que em outubro do ano passado, o governador Sérgio Cabral desviou R$ 24 milhões do FECAM (Fundo Estadual de Conservação do Meio Ambiente), para a contenção de encostas e obras de drenagem e deu para a Fundação Roberto Marinho, conforme poderão relembrar, na reprodução abaixo. Eu fiz a denúncia no blog, no dia 20 de outubro de 2010 e não saiu uma linha na imprensa.

Então não venham de hipocrisia. Os mesmos veículos das Organizações Globo que estão cobrando investimentos públicos – o que é emergencial, é claro – escondem que a fundação dos seus patrões, a família Marinho pegou R$ 24 milhões, dados por Cabral, que era para terem sido usados na prevenção de enchentes e contenção de encostas. É tudo lastimável.


Clique na imagem para ampliar


Reprodução da capa de O Globo
Reprodução da capa de O Globo


Numa hora dessas o mais importante é a solidariedade. Não é hora de fazer política. Mas também é uma indignidade usar de hipocrisia, como fazem os veículos das Organizações Globo.

A capa de O Globo mostra a demagogia numa hora dessas. Cobra das autoridades federais verbas para a prevenção de tragédias, para a contenção de encostas. Essa cobrança mereceria os meus aplausos se fosse pra valer.

Mas não dá pra esconder, que em outubro do ano passado, o governador Sérgio Cabral desviou R$ 24 milhões do FECAM (Fundo Estadual de Conservação do Meio Ambiente), para a contenção de encostas e obras de drenagem e deu para a Fundação Roberto Marinho, conforme poderão relembrar, na reprodução abaixo. Eu fiz a denúncia no blog, no dia 20 de outubro de 2010 e não saiu uma linha na imprensa.

Então não venham de hipocrisia. Os mesmos veículos das Organizações Globo que estão cobrando investimentos públicos – o que é emergencial, é claro – escondem que a fundação dos seus patrões, a família Marinho pegou R$ 24 milhões, dados por Cabral, que era para terem sido usados na prevenção de enchentes e contenção de encostas. É tudo lastimável.


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Numa hora dessas o mais importante é a solidariedade. Não é hora de fazer política. Mas também é uma indignidade usar de hipocrisia, como fazem os veículos das Organizações Globo.

A capa de O Globo mostra a demagogia numa hora dessas. Cobra das autoridades federais verbas para a prevenção de tragédias, para a contenção de encostas. Essa cobrança mereceria os meus aplausos se fosse pra valer.

Mas não dá pra esconder, que em outubro do ano passado, o governador Sérgio Cabral desviou R$ 24 milhões do FECAM (Fundo Estadual de Conservação do Meio Ambiente), para a contenção de encostas e obras de drenagem e deu para a Fundação Roberto Marinho, conforme poderão relembrar, na reprodução abaixo. Eu fiz a denúncia no blog, no dia 20 de outubro de 2010 e não saiu uma linha na imprensa.

Então não venham de hipocrisia. Os mesmos veículos das Organizações Globo que estão cobrando investimentos públicos – o que é emergencial, é claro – escondem que a fundação dos seus patrões, a família Marinho pegou R$ 24 milhões, dados por Cabral, que era para terem sido usados na prevenção de enchentes e contenção de encostas. É tudo lastimável.

FONTE: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/dinheiro-das-enchentes-foi-para-fundacao-roberto-marinho

Crônica da Semana - Sintonia Fina por Nelson Motta

Sintonia Fina

O máximo, o mínimo e o possível

Com todo seu dinheiro e tecnologia, seus serviços de inteligência e armamentos, tropas bem preparadas, bem pagas e respeitadas pela população, as polícias de Nova York e de Los Angeles não conseguiram conter o tráfico e o consumo de drogas, que de ano para ano vem aumentando.
 Mas conseguiram diminuir drasticamente a violência urbana e os índices gerais de criminalidade, que, em Nova York, caíram nada menos do que 76% de doze anos para cá. E o tráfico? Continua crescendo, mas não tem poder, não manda nada, nem afeta a vida do cidadão comum. Quem quer se destruir sempre sabe encontrar os meios.

 Nessas cidades, que estão entre as mais ricas e as maiores consumidoras do mundo, os traficantes têm medo da polícia, fogem dela e jamais a enfrentam porque sabem que vão perder. E passar longos anos na prisão, sem celular, sem visitas intimas, sem liberdade condicional com 1/6 da pena cumprida. E pior: se for policial, vai apodrecer na cadeia, porque as penas são muito mais severas para os que usam a autoridade pública para o crime.

 Mesmo com armamento pesado, que podem comprar livremente em qualquer loja, as quadrilhas de traficantes que abastecem esses ricos mercados não dominam sequer um quarteirão da cidade. Agem nas sombras e no submundo, vendem pela internet, pelo correio, por mensageiros, por infinitos esquemas que conectam a fome com a vontade de comer.

 Já são quinze os estados americanos que, por referendos, liberaram a venda de maconha para “fins medicinais”. Basta se cadastrar com uma receita médica com diagnóstico de stress para comprar pequenas quantidades de maconha, plantada legalmente em pequenas propriedades fiscalizadas pela polícia. Os estados estão enchendo os cofres com os impostos de milhares de bocas de fumo legalizadas. E planejam investi-los na prevenção e no tratamento de dependentes de drogas pesadas.
 Não mudou nada, a criminalidade urbana não aumentou e o tráfico continua vendendo  cocaína, crack, ecstasy e uma infinidade de novas drogas sintéticas, de fácil produção e transporte, baixo risco e alta lucratividade.
 Enquanto isso, no Rio de Janeiro…

14 de janeiro de 2011

ARROZ DE PALMA

"Família é prato difícil de preparar"

(de "O Arroz de Palma, de Francisco Azevedo)

Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema, principalmente no Natal e no Ano Novo. Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é para qualquer um. Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir. Preferimos o desconforto do estômago vazio. Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer e aquele fastio. Mas a vida, (azeitona verde no palito) sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite. O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares. Súbito, feito milagre, a família está servida. Fulana sai a mais inteligente de todas. Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade. Sicrano, quem diria? Solou, endureceu, murchou antes do tempo. Este é o mais gordo, generoso, farto, abundante. Aquele o que surpreendeu e foi morar longe. Ela, a mais apaixonada. A outra, a mais consistente.
E você? É, você mesmo, que me lê os pensamentos e veio aqui me fazer companhia. Como saiu no álbum de retratos? O mais prático e objetivo? A mais sentimental? A mais prestativa? O que nunca quis nada com o trabalho? Seja quem for, não fique aí reclamando do gênero e do grau comparativo. Reúna essas tantas afinidades e antipatias que fazem parte da sua vida. Não há pressa. Eu espero. Já estão aí? Todas? Ótimo. Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados. Logo, logo, você também estará cheirando a alho e cebola. Não se envergonhe de chorar. Família é prato que emociona. E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza.

Primeiro cuidado: temperos exóticos alteram o sabor do parentesco. Mas, se misturadas com delicadeza, estas especiarias, que quase sempre vêm da África e do Oriente e nos parecem estranhas ao paladar tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa.
Atenção também com os pesos e as medidas. Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto, é um verdadeiro desastre. Família é prato extremamente sensível. Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido. Outra coisa: é preciso ter boa mão, ser profissional. Principalmente na hora que se decide meter a colher. Saber meter a colher é verdadeira arte. Uma grande amiga minha desandou a receita de toda a família, só porque meteu a colher na hora errada.
O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita. Bobagem. Tudo ilusão. Não existe Família à Oswaldo Aranha; Família à Rossini, Família à Belle Meuni; Família ao Molho Pardo, em que o sangue é fundamental para o preparo da iguaria. Família é afinidade, é a Moda da Casa. E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito.
Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas. Há também as que não têm gosto de nada, seriam assim um tipo de Família Dieta, que você suporta só para manter a linha. Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir.

Enfim, receita de família não se copia, se inventa. A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia a dia. A gente cata um registro ali, de alguém que sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel. Muita coisa se perde na lembrança. Principalmente na cabeça de um velho já meio caduco como eu. O que este veterano cozinheiro pode dizer é que, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer. Se puder saborear, saboreie. Não ligue para etiquetas. Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro. Aproveite ao máximo. Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete.

Alma Lavada - JBlog - Jornal do Brasil - A tragédia é professora de solidariedade

Alma Lavada - JBlog - Jornal do Brasil - A tragédia é professora de solidariedade

NÃO COMPRE ON LINE NA ARAMADO.COM

Prezados Senhores,

Observem a data em que foi realizada a compra com pagamento efetuado à vista.  Observem a data do e-mail que me enviaram confirmando o recebimento do pagamento e o aviso de que a mercadoria seria entregue.
A pergunta do programa é: quando vou, enfim, receber a mercadoria? Ou o ressarcimento do valor pago?
NUNCA, NUNCA tive problemas com compras pela internet. Esta, com a ARAMADO.COM é a primeira e, por medida de segurança, enviarei cópias para a minha lista de contatos para que não tenham os mesmo problemas que eu tive, caso tenham intenção de comprar pelo site.

Vocês tem que se decidir. O que eu não posso é usar uma loja on line para a minha facilidade e ter mais problemas do que se tivesse saído às ruas procurando o produto.
Sinceramente, espero a definição do problema hoje. E na ARAMADO.COM não compro mais.
Atenciosamente,
Virginia Meirim
em tempo:  cópia deste e-mail será postada também no FACEBOOK, TWITTER, ORKUT  e demais redes sociais. Sinto o de ver de alertar as pessoas. Obrigada.