15 de julho de 2009

ANOTA AÍ!

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TODO MUNDO QUER UM JUDAS PARA MALHAR - por Marcelo Migliaccio - Jornal do Brasil

Todo mundo quer um Judas para malhar
14/07/2009 - 10:31 | Enviado por: Migliaccio

Coloquei um texto aqui ontem mais uma vez questionando a relação baile funk-criminalidade. A contradição é simples: se a Secretaria de Segurança acha que os bailes nas favelas incentivam e servem de fachada para o tráfico e o consumo de drogas, por que eles continuam proibidos no Dona Marta, na Cidade de Deus e nos morros do Leme, que estão ocupados permanentemente pela PM e não têm mais tráfico?

Pois bem, recebi tantos comentários agressivos, que decidi retirar o texto porque acho que a discussão não merece ser levada naquele nível.

Não defendo criminosos, como chegaram a insinuar alguns, defendo a liberdade de expressão. Ou esta serve só para a TV aberta encher nossa cabeça de lixo o dia inteiro?

É gozado como as pessoas estão sempre à procura de um Judas para malhar. Parece que todo dia aqui no Brasil é Sábado de Aleluia. Escarnecer é o esporte nacional. Tentaram até fazer daquela mãe infeliz cuja filha de 5 anos caiu da janela em Tomás Coelho (Zona Norte do Rio) mais um cristo para colocar na cruz. Tentaram, mas não conseguiram porque a pobre mulher foi apenas tragicamente imprudente e sua dor de perder a filha, sua expressão de insanidade com tamanha desgraça, desarmou a multidão que já estava com as mãos cheias de pedras para jogar em cima dela.

_ É um novo caso Isabela Nardoni! _ apressou-se alguém em dizer com um sorriso camuflado nos lábios e uma gota de veneno escorrendo no canto da boca.

Todo mundo hoje parece querer ver algum cristão jogado aos leões para ganhar seu dia. E os reality shows da TV suprem essa carência sádica da população com muita competência. Outro dia (ja comentei aqui) um desses programas atirou os participantes no meio de cães rotweillers. A audiência deve ter sido ótima. Ano que vem, quem sabe, vão atirar os concorrentes endividados aos leões...

Como explicar o sucesso de programas como o Pânico na TV e o CQC, que se dedicam a achincalhar pessoas famosas diante das câmeras? O público adora ver seus ídolos em maus lençóis. Faz bem ao perdedor profissional ver um craque milionário como Ronaldo Fenômeno constrangido por um travesti na delegacia.

Pois não acho graça nenhuma no incensado CQC nem no Pânico. Adorei quando Vitor Fasano e Netinho deram ao Repórter Vesgo o que ele merecia: uma porrada. Que direito esses arremedos de humoristas têm de apontar uma câmera para mim e vir tirar onda com a minha cara na televisão? Direito nenhum, mas o telespectador imbecilizado adora. O pior é que esses palhaços sem talento estão ricos neste país da inversão de valores.

Agora, um dos vilões da hora é o funk, apenas um ritmo musical de muita tradição e suingue transformado em suposto combustível da violência urbana. As exigências para que o estado permita a realização de um baile hoje são muitas. Tipo um banheiro para cada 50 pessoas, quando no Sambódromo, durante o Carnaval, a proporção é de um para 200 pessoas.

Mas é o funk, é a favela, é o lazer de gente pobre. Quem se importa?



Eu respondo , Marcelo:
Virgínia Meirim enviou em 15/07/2009 as 09:00:

Você mandou muito bem. Foi lúcido, coerente e objetivo. Adorei quando você disse" parece que todo dia no Brasil é Sábado de Aleluia". É a mais pura verdade. Eu passeio pelos fóruns e só vejo pessoas escrevendo (muito mal, verdadeiros analfabetos) contra o que não conhecem: sejam os fatos, sejam as pessoas. Nosso povo adora meter o malho de cara, sem sequer entender o que está acontecendo. Depois vive de enfiar o rabo entre as pernas e sair de fininho por ter falado besteira. Quanto ao funk penso que ele hoje sofre o mesmo tipo de perseguição e preconceito que sofria o nossa tão enaltecido samba quando surgiu como ritmo de pobres e negros, cantado nos guetos e proibido pela polícia. E hoje neste planeta não se fala em Brasil sem falar em samba. Quanto à mediocridade e à violência que se quer aliar aos bailes funks posso garantir a você que elas não são únicas. Aliás, são as mesmas, são exatamente iguais ás que ocorrem nas boites frequentadas por riquinhos, playboyzinhos e patricinhas, também analfabetos. Porém, neste caso, maquiadas, tingidas de tons pastéis e camufladas de um glamour que na verdade não existe nem no cérebro e nem na alma das pessoas que frequentam estes antros iguais aos dos bailes funk. O que os faz diferentes é que uns tem dinheiro e outros não. Mas a violência é a mesma e não tem nada a ver com a música. E nada a ver com o funk. That's all.

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Virgínia Meirim enviou em 15/07/2009 as 10:08:

A violência e a bandalheira não estão no ritmo da música. Estão dentro no homem que perdeu seus valores morais e a noção de sua posição diante da vida, dos seus semelhante e do mundo. Então, entendam, o problema não é o funk em si. Esqueçam leis, liberdade de expressão, movimentos culturais, blá blá blá: a questão não é o ritmo da música. É o caráter das pessoas que estão cada vez mais perversas e amorais. Os valores estão invertidos e ser mau, ser do Mal está na moda. A violência está nas nos baile funks mas também está na boites de riquinhos onde se leva porrada de seguranças e de pittyboys. A diferença é o que os primeiros são pobres de marré de si e são entregue à própria sorte. E os segundos tem o dinheiro que tudo compra... Casa Grande e Senzala. That's all.


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