1 de outubro de 2009

A TÃO FALADA ESCALADA DA VIOLÊNCIA (voltando ao assunto)

Deixei este comentário na coluna do Marcelo Micliaccio, que admiro muito, do JbONLINE - Rio Acima


O vídeo que vocês podem assistir no link abaixo eu considero uma das maiores campanhas contra a violência que assola a Humanidade.
É uma severa chamada de consciência. Um grande tapa na cara. Porém, é também uma poderosa ferramenta de reflexão.

Nos dias de hoje, com sentimentos de vingança e revolta à flor da pele fala-se muito em “matou tem que morrer, olho por olho” e tantas outras sandices como resposta para a grave crise social que estamos atravessando.

Tenho ouvido e lido depoimentos nas páginas da WEB de arrepiar qualquer um que tenha um mínimo de senso moral e respeito à vida humana.

Vejo tudo com muita cautela por entender que falta ao Homem uma rigorosa revisão do seu próprio código de valores e que, à luz da emoção, nada se consegue de concreto.
Não é hora de se colocar no mesmo cesto o nosso desespero, as nossas reivindicações e os nossos desafetos.

A verdade é que neste país nós só olhamos para o próprio umbigo. O problema do outro será sempre do outro. A solidariedade e o amor ao próximo só aparecem junto com o peru do Natal ou quando o risco começa a ficar bem próximo de nós.
Aí. “Merrrrrrrrrrrrrrrmão” o bicho pega. Vamos todos para a frente do pc digitar, entrar em fóruns, falar, gritar, reivindicar. Vamos às ruas fazer passeatas e levantar a nossa, eu disse nossa, bandeira.
Não demora muito a coisa esfria e vida que se segue! Até que nova tragédia aconteça.
Estamos e um círculo tão vicioso que a violência está dentro de nós. Passamos por cada tragédia como quem passa por uma virose. Ficou bom? Vai em frente! Hoje em dia todo mundo tem virose.

Quando algo PÚBLICO de ruim acontece argumentamos e esbravejamos muito mas, sempre nos colocando à margem do caos social. Tiramos a nossa responsabilidade como se tudo o que acontece por aí não fosse também por culpa nossa.
Afinal, quem somos nós para tentar mudar o que está nos acontecendo? “Isto é problema do governo! Já pago meus impostos para isto! Já faço a minha parte cuidando da minha família e trabalhando duro! Não sou pago para resolver os problemas do mundo, já tenho os meus” , e por aí vai.

A família é a célula do organismo social. Quando esta célula adoece, como está doente neste momento, toda a sociedade adoece. Temos então o cancro social da violência do qual todos nós morreremos um dia.

O Homem por todos estes séculos evoluiu intelectualmente mas não deu a mínima importância ao seu progresso moral. O caminho para a resposta que todos procuram não está nas passeatas, nas velas acesas, não está lá fora, não é um OVNI. Ele está dentro de cada um de nós. Na nossa vontade política de querer mudanças. Está no seio de cada família.

Cada cidadão precisa ter a coragem de fazer um severo inventário moral do que têm sido suas atitudes ao longo destes anos e perguntar a si mesmo de que forma colaborou para que as nossas crianças de hoje se tornassem o que são e se voltassem contra a sociedade a ponto de cometer tantas atrocidades.

Educar já é difícil, dá um trabalho danado. E, ainda por cima, os pais ”mudernos” resolveram ser forever young, dividir o palco com os filhos partilhando roupas, namorados (e namoradas), bebendo e fumando maconha juntos. Aí, caríssimo Marcelo, fica mais difícil ainda.

Todos nós sabemos que o aprendizado se dá por repetição de modelos. Se o modelo não for bom o produto final tem grande chances de ser ruim. Se o modelo for bom e o aprendiz se nega a repeti-lo cabe a cada um de nós enquanto pais, mães e educadores, tomar as rédeas da situação, corrigir, vigiar. E até punir.
Os pais precisam entender que pai é pai, mãe é mãe e amigo é amigo.
O indivíduo tem que acabar com este discurso de que “eu sou o melhor amigo de seu filho”. Ele tem que se preocupar sim em ser o melhor pai e jamais confundir estes papéis porque quando isto acontecer ele vai perder a autoridade. Vai até pensar que tem mas não tem.
Então, o filho que cresceu sendo tratado como um amigo do pai, em quem ele não reconhece figura de autoridade, também não vai reconhecer a figura de autoridade do professor, da propriedade alheia, da polícia, do juiz... O resto vocês já sabem.
Tem que entender que está na hora de descer do palco e deixar o filho brilhar. Deixar de ser o amigão e passar a ser pai. Tem que dar ao filho o apoio, a orientação e o limite que ele precisa. A maioria dos pais não sabe: todo adolescente não fala, mas quer uma família que lhe imponha limites.
Agindo desta forma o indivíduo não apenas será o melhor pai, mas também (por tabela) um amigo. Não aquele “melhor amigo” dos bancos escolares e das escolhas ruins, mas o que segura a mão e mostra a direção certa a seguir.
Mas fica na minha cabeça a pergunta milionária: como ensinar ao seu filho o caminho a seguir se os pais não conhecem o próprio caminho?
O Governo tem culpa pela onda de violência? Nossa, claro que tem! Principalmente quando não se obriga a implantar e acompanhar programas e políticas sociais.
É preciso ficar claro que a incompetência do governo não livra a nossa cara nem tira de nós a parcela de responsabilidade enquanto indivíduos chefes de família responsáveis pelos nossos filhos.
É muito fácil reclamar. Entretanto, é preciso lembrar que não conseguiremos limpar o mundo se estivermos com “a moral toda enterrada na lama”, na voz do poeta.

Virgínia Meirim Coutinho

http://www.youtube.com/watch?v=8MALAyiiexo

ASSISTA E REFLITA. NINGUÉM ESTÁ IMPUNE.