23 de maio de 2011

A medicina virou uma indústria, por isso fujo dos médicos

A medicina virou uma indústria, por isso 
fujo dos médicos

19/02/2010 - 15:29 | Enviado por: Migliaccio

Estudo publicado pelo European Heart Journal esta semana concluiu que pessoas felizes têm menos riscos de apresentar problemas cardíacos. Parece óbvio, mas sempre é necessário um estudo científico para que se dê credibilidade às verdades mais irrefutáveis.

De minha parte, acrescentaria o seguinte: fujo de médicos.

Sei que existem médicos fantásticos, super competentes e, melhor do que isso, verdadeiramente preocupados em ajudar seus semelhantes, e não apenas em ganhar dinheiro. A maioria dos que me atenderam, porém, fez consultas tão rápidas e superficiais que não consegui acreditar em seus vereditos sobre minha saúde.

A medicina (como o futebol, o carnaval, o sexo, a informação e tudo mais) virou um grande negócio. Existe uma fenomenal indústria de medicamentos, equipamentos e exames que tem que dar resultado, gerar receita, aquele papo que conhecemos bem.

Laboratórios levam nossos doutores a viagens nababescas à Eurpoa, com tudo pago, hotel cinco estrelas. Na volta, dão a eles caixas e caixas de remédios, as chamadas amostras grátis. 

Aí, você vai a um médico porque está com uma dorzinha de cotovelo e pronto: o cara já te manda automaticamente fazer uns três exames e lhe dá uma caixinha de remédio (bem que a minha avó dizia que a primeira dose de droga é sempre de graça). E você, por causa de uma dorzinha de cotovelo, já entrou na engrenagem dos laboratórios de análises, hospitais e farmácias.

Depois do primeiro exame, descobrem um pontinho, que pode não ser nada, mas por precaução dizem que você deve fazer mais uns três exames, todos chatérrimos, alguns doloridos, talvez até invasivos. E você lá, naquela roda-viva, sem poder mais sair, porque se não fizer vai ficar com aquela dúvida eterna: será que tem um caranguejo crescendo dentro do meu peito?

E a dor no cotovelo não era nada, apenas decepção por aquela vizinha boazuda ter preferido o dono da padaria aos seus encantos de dom Juan.

Fujo de médicos. Não faço exames, check ups. Quando Deus achar que é a minha hora, eu vou, sem passar por via crucis de pontes de safena, CTI e quimioterapias.

Lembro do filme De caniço e samburá, do Jerry Lewis, em que ele é diagnosticado com uma doença incurável:

O médico, desolado logo depois de dar ao paciente a notícia fatídica, diz assim:

_ Odeio ser médico nessas horas...

E o Jerry:

_ E eu odeio ser paciente nessas horas.

Depois, o desenganado sai viajando pelo mundo, gastando os tubos no cartão de crédito e curtindo seus últimos três meses adoidado.

Nem precisa dizer que, quando volta de viagem, é informado de que o diagnóstico estava errado e que ele terá muitos anos de vida pela frente para pagar as dívidas que acumulou.

Sei que alguns leitores vão me rogar milhares de pragas por desdenhar do sacerdócio da medicina.

Mas, como cantou Almir Guineto, se o santo deles é forte, meu anjo da guarda é Superman.

Falando sério, nenhum médico conhece melhor o meu corpo e a minha cabeça do que eu. Três meses antes de morrer de infarto, o humorista Bussunda tinha feito um check up completo, numa clínica caríssima, e o médico disse que ele estava... ótimo.

Erros médicos nunca são punidos porque a sociedade reconhece nesses profissionais o direito sobre suas vidas. Com seu irremediável medo da morte, o ser humano se entrega aos profissionais de branco na esperança de uma palavra que o reanime. Como o leão que não conhece sua força e se curva ao adestrador. Como o índio que acha que a tempestade de raios é a fúria dos deuses.

Mas a medicina não é uma ciência exata, embora a indústria que se formou em torno dela queira nos fazer crer em algo esquemático. Em se tratando de gente, entra sempre o imponderável, que não está nos livros e compendios. É um que tem câncer no pulmão e nunca fumou, outro que morreu aos 90 com um cigarro na boca. E nâo me venham com probabilidades. Elas também não explicam a complexidade humana.

Dercy Gonçalves, por exemplo, chegou aos 100. Perguntada sobre seu segredo de longevidade, ela mais uma vez surpreendeu:

_ Antes de comer alguma coisa, eu pergunto: isso faz mal? Se dizem que faz eu mando pra dentro.

Salve o bacon e a linguiça. Existe coisa mais melancólica que um almoço num restaurante natural?

Não me leve a mal, sei que vou morrer um dia, nenhum de nós pode evitar isso.

Mas a parte do hospital, eu pretendo pular.


14 de maio de 2011

RECADO AS NATUREBAS

Recado aos naturebas
05/05/2011 - 17:03 | Enviado por: Migliaccio

Nunca me esqueço da declaração da notável Dercy Gonçalves quando um repórter perguntou o segredo da sua longevidade.

_ É o seguinte, meu filho: eu pergunto se faz mal; se dizem que faz eu mando pra dentro.

E, assim, comendo bacon, salsicha e tudo mais que os médicos abominam, ela passou dos 100 anos de idade.

Essa é, mais ou menos, a minha teoria. Como tudo que acho gostoso e meu termômetro é meu bem estar. Posso estar com as artérias entupidas? Posso, mas isso só vou saber quando bater as botas. E será de uma hora para outra, porque não faço exame nenhum, nunca.

Meus amigos, e principalmente meus parentes mais próximos, ficam fulos da vida com isso. Porque gostam de mim e porque são egoístas. Querem morrer primeiro que eu para que eu fique aqui chorando e morrendo de saudades. O ser humano é assim.

Mas adoro quando pego um vegetariano pela proa. Eles sempre vêm falar da maneira sádica como são mortos os bois nas fazendas de corte e do estresse das galinhas amontoadas e dopadas para botar mais ovos. E o chester, que é forçado a comer até que a obesidade mórbida o mate e nos enseje um belo pratarrão de carne gordurosa.

Concordo e morro de pena dos bichinhos. Já vi, inclusive, imagens de abate de bois a marretadas e na base da degola com facão. Horríveis, nunca mais esqueci.

Mas não deixei de aceitar convites para churrascos por isso.

Feijoada? Também adoro, e completa!

Mas o mais injustiçado dos animais que vão à mesa faz parte do cardápio de muitos desses vegetarianos moderados. É o peixe. Carne branca (como se isso fosse desculpa, já que a do porco também é branca).

A morte do peixe faz os carniceiros dos matadouros parecerem São Francisco de Assis, senão vejamos. Tudo começa com um estelionato. O peixe é atraído para algo que lhe parece comida, mas que no fundo tem um anzol escondido. Com a boca rasgada, o pobre diabo é puxado para fora da água, onde morre sufocado. Morte horrível.

Não sei como nossos naturalistas ainda comem a carne de um cara assassinado nessas condições...

E os vegetais? Também são esculachados em nome da boa alimentação. Depois de brotarem da terra naquele impagável milagre da vida, são arrancados a fórceps para que um natureba ordinário os coma sem a menor cerimônia. Imagine ter suas raízes partidas de repente... Deus me livre.

Portanto, não há santinho nessa história de alimentação.

A não ser os que vivem de luz. Viram-se para o sol, abrem bem a boca e pronto: estão almoçados e jantados.