15 de fevereiro de 2007

DUAS FAMÍLIAS ENLUTADAS

Sou mãe.
Quando soube do caso não conseguia me encontrar, fiquei desnorteada. Chorei, chorei muito. Chorei por solidariedade sincera à mãe de João Hélio e, também, por ver no filho dela os meus próprios filhos quando pequenos. Não há como nomear a dor sentida pela barbaridade sofrida. Não há nada que possa amenizar a dor daqueles pais.
Depois vem a notícia da prisão dos criminosos. E eu sinceramente chorei novamente. Chorei pelas mães daqueles rapazes. Mais uma vez, vi naqueles garotos os meus filhos hoje com 15 e 17 anos. Imaginei a dor destas mulheres quando souberam das atrocidades cometidas pelos filhos. E vendo as cenas da prisão pensei: só quem é MÃE é capaz de medir a dor de ver um filho escurraçado e toda uma cidade querendo a sua cabeça.
Não vamos julgá-las prematuramente, no calor da emoção, por terem errado na educação dos filhos. Será que erraram mesmo??
Os jovens de hoje fazem escolhas ruins, basta passear pelo ORKUT e ver.
Os adolescentes NÃO tem autoridade para falar sobre o assunto, não podem opinar sobre o que nõa conhecem.
Mas tenho certeza de que um adulto equilibrado, pai ou mãe, sabe perfeitamente do que estou falando. Tentem imaginar a dor de um pai que entrega o filho à POLÍCIA. É um homem pobre E digno. Muito mais do que o pai RICO e "juiz" que há tempos atrás tentou acobertar o crime hediondo do filho que, também, barbaramente, só porque "deu na cabeça", tocou fogo em um índio pataxó. Ficou por aquilo mesmo, ninguém toca no caso, e muitos adolescentes do ORKUT talvez nunca tenham ouvido falar.
Provavelmente, este criminoso, que não é mais um adolescente, hoje tem uma vida normal e deve até estar no ORKUT gritando pela pena de morte.
Eu tenho absoluta certeza de que os pais de João Hélio, espíritas kardecistas como eu sou, são contra a pena de morte.
E mais! acredito que pela prática da doutrina, eles mesmos serão capazes de, um dia, perdoar os algozes de seu filho.
Hoje são duas famílias enlutadas pelos filhos. Uma chora pela morte. A outra chora pela sorte.



PENA DE MORTE "NÃO" - ESCLARECIMENTO

Na verdade, o que eu quis dizer de modo bem sutil com o meu depoimento acima e que, com certeza, a maioria das pessoas não conseguiu alcançar é o seguinte:
Se instituída a pena de morte no Brasil, o filho do homem pobre que cometeu uma atrocidade vai morrer.
E o filho do homem rico e juiz que cometeu outra atrocidade vai sair ileso e continuar gozando da nossa cara.