Um sábio passeava com seu discípulo. Caminharam grande distância quando encontraram um casebre miserável, caindo aos pedaços.
Na porta estava sentado um homem mal cuidado, magro, abatido e mascando um fumo ao lado de uma vaca também magra e abatida.
Ao seu redor corriam seus seis crianças (seus filhos) de olhar triste, mal nutridos, sujos e maltrapilhos. Sua esposa aparece na porta, também mal nutrida, suja e maltrapilha. O sábio aproxima-se e cumprimenta o homem perguntando:
_Como vocês conseguem sobreviver diante de tanta miséria?
Ao que o homem responde:
_Pois, é, né, seu moço? Nós tem aqui esta vaquinha que dá um pouquinho de leite. Daí que eu pego este pouquinho de leite e dou pras crianças. A mulher faz um pouquinho de queijo pra gente comer e assim vai dando para a gente viver....
_ As crianças não frequentam a escola?
_ Não, moço! Elas teriam que ir pra cidade e ninguém tem roupa pra isso não! Mas a gente vai vivendo por aqui conforme Deus quer.... e sua esposa concordou abanando a cabeça.
O sábio cumprimentou os dois despedindo-se. Quando já tinham se afastado um bom pedaço de chão, virou-se para o discípulo dizendo:
_Vá lá e atire aquela vaca no precipício.
_Mas, Senhor! Aquela vaca é tudo o que eles tem!
_Não me desobedeça.
E assim foi feito.
Passaram-se alguns anos e novamente caminhando, sábio e discípulo resolvem visitar aquela família de miseráveis. Entretanto, ao chegar no local não encontraram mais o casebre.
Em seu lugar, erguia-se uma bela casa, com um bela horta, criação de porcos e galinhas e forma recebidos por um homem forte, de fisionomia saudável e ativa que os reconheceu. Seus filhos acabavam de chegar da escola, alegres, corados, saudáveis e sua mulher servia o almoço.
O discípulo, então, pergunta sobre a família que morava ali e o homem responde que estava lembrado dos dois. Disse que no dia em que passaram por lá sua vaca sofreu um acidente, caiu no precipício e morreu.
Diante desta tragédia ele foi obrigado a ir à cidade arrumar trabalho para sustentar a família. Não poderia mais ficar à toa o dia inteiro esperando o leite da vaca. Precisou sair em campo para trabalhar e, aos poucos, o trabalho trouxe conquistas: escola para os filhos, alimentação adequada para a sua família e, principalmente, dignidade.
No fundo, agradecia a Deus por sua vaca ter morrido porque se não tivesse acontecido ele ainda estaria sentado na soleira da porta, mascando fumo e vendo a vida passar.
O discípulo olha para o sábio que sorri e ambos despedem-se daquela família desejando boa sorte.
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Virgínia Meirim