14 de maio de 2011

RECADO AS NATUREBAS

Recado aos naturebas
05/05/2011 - 17:03 | Enviado por: Migliaccio

Nunca me esqueço da declaração da notável Dercy Gonçalves quando um repórter perguntou o segredo da sua longevidade.

_ É o seguinte, meu filho: eu pergunto se faz mal; se dizem que faz eu mando pra dentro.

E, assim, comendo bacon, salsicha e tudo mais que os médicos abominam, ela passou dos 100 anos de idade.

Essa é, mais ou menos, a minha teoria. Como tudo que acho gostoso e meu termômetro é meu bem estar. Posso estar com as artérias entupidas? Posso, mas isso só vou saber quando bater as botas. E será de uma hora para outra, porque não faço exame nenhum, nunca.

Meus amigos, e principalmente meus parentes mais próximos, ficam fulos da vida com isso. Porque gostam de mim e porque são egoístas. Querem morrer primeiro que eu para que eu fique aqui chorando e morrendo de saudades. O ser humano é assim.

Mas adoro quando pego um vegetariano pela proa. Eles sempre vêm falar da maneira sádica como são mortos os bois nas fazendas de corte e do estresse das galinhas amontoadas e dopadas para botar mais ovos. E o chester, que é forçado a comer até que a obesidade mórbida o mate e nos enseje um belo pratarrão de carne gordurosa.

Concordo e morro de pena dos bichinhos. Já vi, inclusive, imagens de abate de bois a marretadas e na base da degola com facão. Horríveis, nunca mais esqueci.

Mas não deixei de aceitar convites para churrascos por isso.

Feijoada? Também adoro, e completa!

Mas o mais injustiçado dos animais que vão à mesa faz parte do cardápio de muitos desses vegetarianos moderados. É o peixe. Carne branca (como se isso fosse desculpa, já que a do porco também é branca).

A morte do peixe faz os carniceiros dos matadouros parecerem São Francisco de Assis, senão vejamos. Tudo começa com um estelionato. O peixe é atraído para algo que lhe parece comida, mas que no fundo tem um anzol escondido. Com a boca rasgada, o pobre diabo é puxado para fora da água, onde morre sufocado. Morte horrível.

Não sei como nossos naturalistas ainda comem a carne de um cara assassinado nessas condições...

E os vegetais? Também são esculachados em nome da boa alimentação. Depois de brotarem da terra naquele impagável milagre da vida, são arrancados a fórceps para que um natureba ordinário os coma sem a menor cerimônia. Imagine ter suas raízes partidas de repente... Deus me livre.

Portanto, não há santinho nessa história de alimentação.

A não ser os que vivem de luz. Viram-se para o sol, abrem bem a boca e pronto: estão almoçados e jantados.